sábado, 30 de abril de 2011

L'Amour

Chamam-lhe de Amor e ontem ao cair da noite desafiaram-me de mansinho a escrever sobre si. Sinto-me desconfortável ao escreve-lo aqui pois as palavras escritas que o descrevem nunca são suficientes e já existem mil e tantas coisas por ai desenhadas a seu respeito.
Outrora teria tanto que vos contar sobre este assunto, saberia contar-vos tudo o que nos trás e tudo o que de nós leva, neste momento não sei bem se o sei ou se estou só reticente por não saber como começar.
Sei que existe por ai e que as gentes correm em sua constante procura.
Sei que nos faz sentir mais vivos, mais nós próprios.
Sei que faz de nós vítimas, consome-nos o corpo num sopro tão instantâneo que por vezes não lhe reparámos. E surge, surge num brilho ao canto do olho, num sorriso nos lábios, num fervilhar descontrolado de emoções, em cócegas na barriga, num respirar ofegante, num tremer de mãos, faz-nos sentir coisas que não sabemos explicar, salpica-nos de uma magia tão intensa quanto rebelde. Faz abrir as flores do nosso jardim, por mais novas que sejam e até os pássaros parecem cantar melhor.
Mas, também sei que faz de nós pequeninos e grandes fantoches ao seu dispor. Fá-lo porque tem crédito mais do que suficiente para isso.
É na verdade um sentimento carregado de um tão delicioso como arriscado poder. Liberta-nos e aprisiona-nos como bem entende e por isso torna-se, por vezes, perigoso. Pode ou não dar certo, pode ou não ser correspondido, pode ou não ser sentido de igual forma, por isso dói, por isso magoa , mas faz-nos felizes á medida certa ou incerta.
Quando decide aparecer nunca ou quase nunca estamos preparados mas acabamos sempre por pensar que vem para ficar no tão famoso “para sempre”. Esquecemos então que o “para sempre” pode acabar amanhã.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Tudo o que escrevi, ele quis levar consigo.


Hoje...


Amanhã ele traz-mas em forma de segredos, meus e dele.
Talvez vos conte, se não amanhã, um dia ...

*
                                                                          

quarta-feira, 20 de abril de 2011

She got the sunshine*

   Descalça e com uma camisa de ganga clara por si, punhos dobrados até meio braço, apanha os longos e encaracolados cabelos loiros, num gesto demorado, com um lápis a carvão.
   Corre delicadamente a porta de vidro que a faz chegar ao íntimo que é seu.
   Sente agora nos pés em nu aquela passadeira de madeira desgastada pelo quente sol e pela brisa de um mar ao perto, sente nos pés mil grãos de rocha mastigada pelo tempo.
   Lá ao longe, o romper das ondas no decalque da rocha, faz chegar até si o ar do sal.
   Passo a passo segue em direcção àquele banco de praia que lhe possibilita a sua melhor visão. O claro do céu brota devagarinho mas o sol ainda não se fez mostrar, então aguarda despertando o corpo com um esticar de braços. Senta-se nesse banco também ele de madeira, sobe os joelhos até si entrelaçando-os num aperto ténue, fecha os olhos e sente a brisa matutina percorrer cada poro do seu corpo.
   Ainda de olhos fechados esboça um sorriso, experimenta o nascer do sol para si. Não só para si, mas especialmente para si.
   Abre os olhos pequeninos e no distante horizonte descobre-o a surgir de mansinho.
um misto de tudo corre por entre aquilo que ela é, são tantas as memorias que lhe passam no entanto não consegue fazer parar nenhuma e de seguida um momento em que tudo se esgueira, tudo fica branco, por si passam apenas os sentidos.
   Chega-lhe um abraço de coração quente, um abraço que lhe provoca um arrepio um abraço que mais ninguém lho pode dar.
   É aquele momento em que nada mais existe para além do seu intelecto, não há nada mais que o silêncio que a brisa carrega. É ela, só ela e aquele espaço, aquela imagem, aquele instante.
   Sorri apenas porque sente o calor invadir-lhe o corpo celeste de brilho. Sorri porque apenas ouve o silêncio. Sorri porque lhe chega á boca o sabor de um ar salgado. Sorri porque saboreia o cheiro da maresia desperta. Sorri porque pode ver o nascer do sol que é seu e de tantos, mas mais seu.
   Á luz mediana de um sol que nasce, sorri porque é ela e ela será até que o dia acabe.





segunda-feira, 18 de abril de 2011

Sonho meu.

Adormeci ai algures numa sexta-feira.

Acho que nunca sonhei tanto, ou melhor, acho que nunca vivi tanto um sonho.
Estava na Ilha com pessoas que fazem parte do meu eu.
Sentia-os pele na pele num abraço, sentia-lhes o calor do corpo, o simples gesto de dar a mão, o afastar do cabelo no acto de um beijo cálido de ternura.
Ouvia-lhes o respirar, o pulsar dos corações agitados de fortuna.
E as vozes, as vozes soavam tão reais.
Via-lhes a verdade dos sorrisos nos lábios e nos olhos, via as cores com que se vestiam, via o modo como andavam e vinham até mim, o mais minucioso gesto foi alvo da minha observação constante. Os cheiros tão presentes, ainda os tenho em mim. Desde o cheiro de alguém, de um sitio, de uma casa, da minha casa, ao perfume de uma gastronomia que desperta mil e um sabores de delicias.
Ri, dancei, cantei, saí, vi o sol num rodopio de harmonia e paz, mergulhei no meu mar, olhei de perto o céu que alguém me deu, alcancei tantas estrelas, vivi momentos únicos, contei coisas, segredaram-me palavras agora minhas, vi cozinharem, pus maionese no nariz de uma pessoa e gelado no nariz de outra, joguei matraquilhos, vesti uma meia de cada cor, pintei as unhas num tom de azul, li um a cartolina de boas vindas que estava no meu quarto e um bilhete de boas noites, abriram-se flores para me dizerem um olá, estive na minha varanda, estendi lençóis com a minha avó, pensei no meu gato, conheci pessoas,encontrei alguem de raspão que já não encontrava á muito, entrei num café já quase a fazer o pedido e em vez disso saí porta fora, bebi poncha e nikita, comi espetada e bolo do caco deliciei-me nos hambúrgueres e nos batidos, tirei fotografias, conduzi, ouvi a kikas suspirar como se fosse um humano, estive numa esplanada, passeei pela cidade, vi um filme que já tinha visto, fiz chá e bebi-o, foram buscar-me a casa, adormeci e acordei com alguém na mesma cama que eu, ouvi um galo e um sino tocar pela manhã, acordei também com um beijo carregado de bons dias do meu pai e com aquele quente enlace da minha mãe. Fiz tantas outras coisas que me contentaram alguma saudade.

Acordei pela noite de quarta-feira, num sobressalto pensei terá sido um sonho? É que tudo me pareceu tão real.



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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Aquele beijo foi assim ..

" Muito mais é o que nos une que aquilo que nos separa. "

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Happy Birthday *

Somam-se os dias e eu lembro-me de ti desde sempre.
De pequeninas brincávamos e amuávamos imensas vezes,
Podíamos não estar juntas todos os dias mas aqueles em que estava-mos valiam por tudo.
No hoje, no ontem e no amanhã, continuamos a fazer parte uma da outra.
Crescemos tanto quanto o tempo passa e trocamos segredos
Hoje tenho um segredo para te contar:

Fazes 18 anos e eu continuo a gostar imenso de ti

És parte de mim, minha pequenina crescida!

terça-feira, 5 de abril de 2011

Preferidas











Porque hoje, estas flores deram cor ao meu dia.
Fizeste-me sorrir, com esse teu gesto
Obrigada querida *

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Blackout

Tudo em mim é música, tudo em ti também.
Cada passo que dás, cada bater compulsivo do teu coração,
Cada movimento, sorriso, cada lágrima que cai,
A Primavera é música, o Verão, o Outono e o Inverno também
Desces a rua discreto de ti, dançando ao som de algo que não percebes,
que não descodificas como música, mas danças.
Danças porque ouves e mesmo que não ouvisses dançavas
pois esse ritmo faz-se sentir a cada vibração oscilante.
Um som, um timbre, um tom mais grave, um outro mais agudo.
Tudo o que não percebes, está lá.
E tu continuas dançando em ti ainda que não o sintas.
Eu vejo e gosto, eu vejo e quero, quero envolver-me nessa cúmplice e eterna melodia namorada de ti.
Hoje, não sabes nem dás por isso mas deixa-me dizer-te,
Tudo em ti é música e em mim também.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Vida de cão

Muitas são as vezes que vou a descer a rua a caminho do que tenho a fazer nesse dia e dou por mim a olhar um cão.
É um rafeiro, um cão de rua parece-me, esgravata eloquentemente um cantinho de relva.
Nunca cheguei a perceber o que tanto ali procura mas penso sobre isso.
Se calhar procura um salpico de amor, um mimo prometido e que nunca chega a horas, um sorriso de alegria por vê-lo chegar ou um pedaço de cumplicidade com alguém.
Onde ficou o amor por si? Onde está a pessoa prometida?
É uma mulher. Uma mulher marcada pelas rugas do tempo, uma mulher que para andar precisa de uma cadeira de rodas, uma mulher que ele insiste cuidar como se não houvesse amanhã.
A caminho de casa perdida em devaneios meus, dou por mim a ser espectadora de um dos mais lindos momentos a que já assisti.
Aquela mulher e aquele cão juntos numa paragem de autocarro esperando que o mesmo chegasse. E chegou mas nunca mais se via abrir a rampa que faria a mulher conseguir entrar no mesmo, então o cão ladrou.
Ladrou e voltou a ladrar, correu para a frente e para trás deu mais do que um sinal de que algo não estava bem.
Ainda hoje consigo ouvir aquele ladrar, ainda hoje consigo ver a expressão de aflição que mostrava nos olhos, ainda hoje vejo o desespero com que corria desalmadamente enquanto aquela mulher não entrou no autocarro. Um sinal de amor. E quando finalmente conseguiu este também o fez enfiando-se por baixo da sua cadeira de rodas quase que pedindo que não o tirassem dali. Mas esta viagem não ficou por ai. Á saída um sinal de amor. Abriram-se as portas deste autocarro e o cão que já sabia o seu destino aprontou-se a sair, eis quando se depara com a falta de espaço existente para que a mulher pudesse sair também. Desata a ladrar novamente. Não havia espaço para a colocação da rampa isto porque um carro estava estacionado na paragem.
O cão ladrou incansavelmente, desatou a correr querendo mostrar que ainda não havia saído sua dona.
Ladrou tanto mais alto quanto pôde, quase que em suplicio. E quando se viu sair aquela mulher, viu-se também sorrirem os olhos daquele cão.

Um sinal de amor.

Cheguei a casa cheia daquele momento e hoje escrevo-vos isto não com um cão mas com um gato ao meu lado, um sinal de amor.