" Arrastei-me por este mundo solto durante décadas,
Encontrei pessoas do tipo A, B, C, X, Y e Z.
Senti-me sempre à parte, seria mais? Seria menos?
Diferente sempre fui, disso tenho a certeza.
Melhor? Pior? A realidade é diferente consoante os olhos que a vêem.
Sempre me considerei melhor, mas a humildade nunca foi o meu forte.
Daí a minha incerteza. Serei deste mundo?
Porque é que me hei-de considerar melhor se todos temos as nossas diferenças?
Foi algo com que me fui debatendo durante a minha existência.
Dificuldade em ouvir, dificuldade em aceitar sempre estiveram latentes em mim.
Hoje percebo que o meu pior é o meu melhor. Porque é o que me faz diferente.
Teimosia nata. Mania da certeza.
Nenhum destes atributos me deu sorte na vida. Pelo contrário.
Aprendi que para sobreviver nesta selva teria de me moldar.
Moldar-me à mais simples insignificante população sem sentidos e sem objectivos.
Pessoas que só vivem para morrer.
Eu pelo contrário, vivo para viver!
Tenho medo da morte porque não quero deixar este mundo.
Por muito solto que ele seja, quero deixar-lhe a minha marca.
Quero provar que a minha diferença não existe por acaso e que nasci para dinamizar este gado incandescente que se habitua a tudo.
Liderar? Nunca ansiei por isso na verdade, mas no fundo sempre soube que estava destinado.
Pode ser verdade. Pode ser a minha hipocrisia a funcionar.Pensava eu...
Até que um dia encontrei-te.
Conheci-te e soube que podia ser como sou.
Soube que afinal não estava sozinho.
Que havia alguém que sentia o mesmo que eu.
Alguém que gostava de mim por aquilo que sou.
Com a minha maneira de ser especial e diferente.
Alguém que se ria da minha teimosia e me fazia rir.
Descobri que para recomeçar era só preciso ter vontade de felicidade.
Era de ti que eu precisava.
Foi por ti que sempre ansiei.
Tens aquele espírito aventureiro.
Não dizes que não.
Tens personalidade!
Um sorriso teu mexe comigo por dentro, faz me querer rir.
A tua luz interior ilumina-me no escuro.
Mostra-me aque a felicidade existe e que posso ser feliz neste mundo vago de personalidade.
Gostava de me dar a ti totalmente.
Mas para isso preciso de confiar em ti e eu só posso confiar totalmente em quem me mostra confiança.
Espero pelo dia que me queiras contar os teus problemas assim como te contei os meus.
Partilhei contigo segredos de que tenho medo de falar.
Dei-me a ti. Dei-te a minha família.
Agora deixo uma lágrima cair por ti, porque pensava que não me ias deixar.
Porque esperei e dei-te muitas oportunidades para me confiares os teus medos.
Como podes dizer amar alguém e não partilhar com ela a tua vida?
É descabido não é?
No entanto eu partilhei a minha contigo e mostrei-te os meus medos.
E os teus?
Não sou um porto seguro para todas as dificuldades?
Eu disse-te sempre que sim.
Ansiei que te desses a mim totalmente, não só em palavras mas em sentimentos.
Atitudes. Reacções.
Não preciso que me digas a toda a hora que gostas de mim.
Eu sei.
E de vez em quando sabe bem ouvir. A toda a hora não.
Porquê?
Porque sou daquela espécie já extinta que veio por engano a este mundo.
Porque a minha personalidade não é deste tempo.
Acredito que algures no espaço está uma estrela à minha procura.
Essa estrela é a minha casa.
E nessa estrela todas as pessoas pensarão como eu.
Será que vens dessa estrela também? "
Para: Mim
De: João Francisco Teles
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