domingo, 13 de fevereiro de 2011

Façam o favor de se sentar.

(Parte 4)

   Conclusão das conclusões e isto é que me mata e me fez querer escrever esta história.
   Uma das tais vizinhas(já não sei se a adjunta ou até mesmo a administradora) que tanto balbuciou, retorquiu o nariz, negou, importunou, chateou, aborreceu, maçou e até assinou o abaixo-assinado contra as janelas de Bela certo dia, ao entrar no prédio, apercebe-se de vozes no meu andar á porta da minha vizinha. “Cusca” que não tem outro nome que se lhe dê decide subir as escadas de modo a perceber quem eram os homens com quem a minha vizinha estava a falar (pensando que viriam por parte da câmara a propósito das janelas).
   Carregada de sacos decide subir pelas escadas, coisa que nunca faz. Sobe degrau a degrau muito lentamente (vinha pesada), espreitando e até metendo o bedelho no que eles estavam a conversar. Pousa os sacos na escadaria e chega mesmo a responder a uma das questões colocadas a Bela. Nisto os senhores acabam a conversa, vão se embora e ela vem quase que em corrida bater à porta do 1º direito.
   Bela só pensou “o quê que esta quer agora, que mais está para vir?”, abre de novo a porta na esperança de perceber o quê que tal pessoa fazia ali após todos os “problemas” causados. Seu queixo cai quando de sua excelência apenas ouve dizer:



- “Oh vizinha sabe? Por acaso não me pode dizer mais ou menos o orçamento da janela? Não ficou por aí com o número da empresa que lhe veio fazer este trabalho?”.



   Se a inveja mata-se, é que na semana a seguir, AINDA QUE BELA NÃO LHE TIVESSE FORNECIDO NEM NUMERO DA EMPRESA, NEM ORÇAMENTO NENHUM, as janelas e estores de vossa excelentíssima alteza foram mudadas. E só não são exactamente da mesma cor porque o orçamento não chegava! (Dito pela própria.)



(Dá que pensar não dá? Admiram-se que isto não ande para a frente? Empresas a funcionar desta maneira, Administradores que não sabem administrar, advogadas daquelas, pessoas que fazem daquilo que também é dos outros o que querem e bem entendem. Só tenho três palavras: MAR DE ROSAS! )


FIM


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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Façam o favor de se sentar.

(Parte 3)

   Já na reunião Bela questiona a administradora sobre quem ou que condómino fora fazer a queixa (um direito que se lhe assiste), para que pudesse falar com “X” pessoa a fim de esclarecer qualquer tipo de dúvida e não só, poder também falar um pouco de modo a compreender os motivos que a levaram a fazer tal queixa. A resposta por parte da administradora foi que não poderia contar. (Ora pensem lá um bocadinho a ver se adivinham.)
   Pois muito bem, Bela prontifica-se a percorrer casa por casa a questionar quem estava contra a sua janela, fê-lo logo no dia a seguir. Enquanto percorria casa por casa adivinhem lá com quem dá de caras a percorrer o prédio no sentido inverso àquele que fazia? As administradoras. Vinham elas muito contentes carregando em mãos umas folhas que por sinal estavam a distribuir. Sabem quando reagimos a algo assim: “up’s fui apanhado”? Foi assim mesmo que reagiram, trocando olhares um tanto ou quanto desconfortáveis com a situação. Conclusão, ninguém tinha feito queixa nenhuma se não elas mesmas.
   Não vão acreditar mas sim aconteceu mesmo, lembram-se daquela carta que bela havia recebido por parte da empresa a avisá-la da reclamação, que por sinal também foi enviada a condomínio ainda que dirigida a Bela e ao marido? Como não havia sido feita nenhuma queixa por parte de nenhum condómino, estas não fizeram nada mais nada menos que pegar nessa mesma carta, fotocopiá-la e distribuí-la pelos condóminos todos do prédio. Conseguindo assim que estes tomassem conhecimento da reclamação e de certa forma concordassem com a mesma. Se o vizinho reclamou é porque está mal.
Que jogada de mestras, sim senhor. Apenas se lhes faltou cabecinha, para pensarem que apoderar-se da correspondência de outro é considerado crime. (Bela não quis tomar por esse partido)

  Ainda assim modelaram as cabecinhas desta gente que aqui vive. Avance-mos com um abaixo-assinado.
  É feito o abaixo-assinado contra a janela e o estore da vizinha, manda-se o abaixo-assinado para a câmara e convoca-se nova reunião desta vez com direito á presença de uma advogada requisitada por parte das administradoras, à empresa.
   Perante a advogada, marido de Bela afirma que quando for retirado tudo o que não consta na traça do prédio, (ares condicionados, estores, estendais e outras tantas coisas que se vêem a olhos nus) ele próprio também se encarregava de tirar as suas janelas.
   Pormenor, uma voz se faz soar: “Ah! Eu cá nunca vi caixas-de-ar condicionado) ”. (Minha cara senhora e oftalmologista não?)
   A advogada alega que todas essas coisas não são consideradas alteração do prédio (para ela devem ser acessórios de moda ou algo parecido). Bela confronta-a com a questão “Então o quê que é a traça do prédio? E o quê que é alterar essa mesma “traça”?
Resposta: “Pois sabe, se calhar até é mesmo isso, então meus caros condóminos, vamos lá fazer um trabalho de casa (Um trabalho de casa? Mas estamos onde? Que brincadeira vem a ser esta?), vamos lá para fora analisar o prédio e escrever tudo o que achamos que está mal na fachada do prédio para depois se analisar”.
   Calma ai, o que está mal ou o que não constava anteriormente no prédio? É que se formos a ver pelas mentes que aqui temos, a única coisa que está mal: a janela da vizinha do primeiro direito que é de cor diferente, porque o resto nunca ninguém viu nem alterou.
   Fora aquilo que foi pago á advogada (para nos vir dizer que vamos fazer um trabalho de casa) pagou-se, mais não sei quanto extra pelas convocações de última hora que nada resolveram.
   Recebeu-se ainda a resposta da câmara que literalmente gozava com a situação pedindo que antes de se fazerem este tipo de abaixo-assinados, se fosse observar os prédios todos de telheiras e que se fosse consultar e informar sobre as leis de um condomínio.
   Nenhum prédio em Telheiras tem ainda hoje a “estrutura” inicial do projecto.
   Existem nesta área "Telheirence", aspectos muito mais gritantes do que a cor de uma janela.

 
(Continua...)

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Façam o favor de se sentar.

(Parte 2)


  Tudo começa quando uma janela de sala, teria de ser necessariamente trocada. A janela era branca, o estore também. Branco é uma cor sobre a qual se pode dizer muito, o branco facilmente fica cinzento com o pó, fica manchado, fica feio, o branco deixa passar luz, o branco não isola o calor, o branco ofusca porque reflecte e etc.
  Ao mudar-se uma janela existem determinados sons, ruídos, barulhos que de modo nenhum se podem travar. Barulhos esses que de modo algum incomodam (são momentâneos e literalmente rápidos) pois não são como os sons de o furar uma parede, nem de música aos berros, nem de martelar incessantemente, nem mesmo o barulho de patas de elefante com saltos altos que a minha vizinha de cima faz ao deslocar-se pela casa, garanto-vos que nem mesmo com chão isolado ela conseguiria deixar de fazer tanto barulho, mas enfim essa história conto-vos depois. Sons, ruídos, barulhos esses que por lei, num prédio, podem ser feitos, desde que o sejam no período considerado o período menos incomodativo para as pessoas que habitam no mesmo.
  A janela foi posta ai pelo meio-dia na casa da minha vizinha da frente, Bela.
  Maior não foi o seu espanto quando a vizinha (administradora adjunta) que mora no segundo andar na mesma direcção do apartamento da Bela, veio muito escandalizada a essa mesma hora (hora permitida por lei) reclamar que Bela estava a fazer muito barulho, que se estava a sentir muito incomodada, pois ainda estava a dormir.
  Pessoa que não tem mais nada que faça da vida nitidamente. Como se não basta-se entra por casa de Bela, apontando-lhe o dedo e proferindo que não teria medo de Bela nem de nada que esta pudesse fazer. Vendo o seu espaço a ser invadido por pessoas terceiras que mal conhece, defende-se puxando mão atrás. Mal da outra, não fosse o marido de Bela a travá-la, a tempo, de lhe mandar com um murro na cara.
  Situação resolvida, vizinha fora de casa. (Não estava claramente á espera de qualquer reacção deste tipo, saltou porta fora que foi um docinho para espectador ver.)
  Voltando ás janelas, Bela optou por colocar uma janela o mais igual possível, ainda que basculante e de cor cinza. Um cinzento alumínio, um cinzento que eu, que já aqui moro há mais de um ano, ainda não o tinha notado. Esta cor ajuda a isolar o calor, não se mostra suja como o branco, nem ofusca mas parece que perturbou novamente a vizinha do segundo andar que muito rapidamente o foi "cuscar" com uma outra vizinha (sua amiga, já não sei de que andar) por sinal administradora do prédio, na altura.
  Isto junta-se vizinha com vizinha ,administradora com adjunta e ora ai está pano para mangas.
  Aparece em carta uma queixa contra Bela, carta redigida por parte da empresa responsável pelo prédio (evocada pela administração do mesmo), alegando que um dos condóminos não concordava com o colocar de estores nem janelas verdes no prédio. E aqui abro um parênteses á minha indignação, é feita uma queixa à empresa responsável pelo prédio, uma queixa que nem mereceu ser comprovada. Com base no que o queixoso diz vamos então escrever uma reclamação á pessoa que mudou a janela. E que tal comprovar se esta situação é realmente verdadeira? Que tal comprovar se a janela é realmente verde, amarela, ou até mesmo roxa. Pelos vistos não foi preciso a janela nem era cinzenta, segundo o queixoso a janela era verde.
  A minha vizinha dirige-se á administradora a dizer que aquela carta não poderia ser para ela, nem contra ela, uma vez que os estores e a janela não eram verdes mas sim tons de cinza. Resposta da administradora “Verde ou cinzento é a mesma coisa”. Bem! Estamos perante um caso de daltonismo feminino chamem lá um cientista porque afinal as mulheres também são daltónicas e não são só os homens como se pensa. Por algum motivo foram dados nomes ás cores aos objectos e por ai fora, ou não?
  Além da carta chegar ao apartamento de Bela chegou de igual modo uma cópia da mesma ao condomínio, comprovando que a empresa tinha comunicado a queixa ao proprietário da janela. Bela é chamada a reunião porque não pode colocar uma janela de cor diferente das cores originais da “traça do prédio”. (Atenção uma janela não pode ter cor diferente, porque altera a traça do prédio, mas colocar um contentor para ar condicionado já não é fazer nenhuma alteração. Então e se me der na cabeça acrescentar uma varanda exterior, ainda que dentro dos mesmos tons do prédio? Será que vai ser considerado uma alteração?).


(continua...)

Façam o favor de se sentar.


(Parte 1)

Os prédios apareceram para que neles pudessem coabitar muitas pessoas numa determinada área ou espaço que acaba por lhes ser comum. Como tal, há determinados valores que deveriam ser postos em prática, deviam ser incutidos nas pessoas que neles habitam, um dos principais o respeito muto-o.
Considero que viver num prédio é meio caminho andado para começar bem o dia, como alguém um dia me disse acordas pela manhã e o jardim já foi regado, as árvores podadas, o terreiro varrido e outras tantas coisinhas que ficaram à partida feitas, por outras pessoas.
Mas o quê que realmente acontece quando muitas pessoas vivem juntas? Paródia e comédia, para quem está do lado de fora a assistir, logicamente.

Façam então o favor de se sentar para ler, porque realmente se não for visto ninguém acredita.

Um prédio começa por ser um projecto de raiz com uma estrutura própria e inicialmente inalterável. Lá com o passar do tempo:

- “Áh e tal, acho que se puser aqui um estendal virado para a rua (porque dentro de casa ocupa-me muito espaço) ninguém vai notar e até dava algum jeito” - Quando vamos a observar toda a gente acrescentou um estendal para o lado de fora da janela.

- ”Oh, sabes o quê que vinha mesmo a calhar? Um arzinho fresquinho no verão e quentinho no inverno”. - Pois nem é tarde nem é cedo, lá apareceram umas caixas horríveis e monstruosas no exterior do prédio porque não é bonito ter algo tão grande dentro de casa, para além de ocupar muito espaço fica esteticamente horrível;

- “Esta luz toda pela manhã a entrar-me pela cozinha é terrível, sinto-me ofuscada e ainda troco a manteiga pelo chocolate da criança não pode ser”- Conclusão estores do lado de fora da janela porque não existem cortinas.
Ninguém os tinha no entanto já se os vê por todo o lado.

Cada um faz aquilo que quer e bem entende sem perguntar nem pedir autorização.
Então e vocês perguntam qual é o papel do chamado condomínio? Reuniões de condomínio? Para quê? Não é preciso! É tudo na paz. Está mal? Óh ninguém vai ligar! Não estorva ninguém e tal posso fazer o que eu quiser.
No entanto começam a acontecer os mexericos.
Sim porque num espaço com tanta gente é quase impossível que todos se dêem bem e nisto aparecem os emproados, os que tem a mania e acham que podem fazer tudo, aqueles que sabemos que existem mas que nunca os vimos mais gordos, aqueles que fazem questão de aparecer todos os dias, os que passam o dia á janela, os que cantam, os que assobiam, o mau, o bom, o irritante, este, aquele e aqueloutro.


(Continua...)

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Hoje.... porque ontem esqueci-me de vos contar..


Mal sabia eu que tinha um gato trapezista.
Lá estava eu a fazer aquilo que tem de ser feito para manter uma cozinha minimamente arrumada, na tão boa companhia do meu mais que tudo o Spoon.
Olhava pela janela pedindo que eu a abrisse para que pudesse contemplar os cheiros exteriores e observar os passarinhos lá fora, como sempre faz. Abri-lhe a janela e lá se deitou ele observando incansavelmente aquelas criaturazinhas lá em baixo.
Continuei a fazer o que tinha de fazer, arrumar a loiça já lavada que tirava da máquina.
De repente dou por mim a “contemplar” um episódio que nunca pensei assistir. Gato pendurado no fio da roupa. Num espaço de 10 segundos, vejo-o a cair e ao mesmo tempo a ficar suspenso no fio de estender a roupa. Conseguem imaginar as “torcidelas” que deu com o corpo as astúcias e malabarismos que fez para se conseguir agarrar a um dos dois únicos fios do estendal? As garras deitadas de fora, e um olhar de aflição “como é que eu me meti nisto? Tirem-me daqui!!”. Conseguiu manter-se agarrado apenas com as duas patinhas da frente, já tinha tentado agarrar-se com as patas de trás ao outro fio mas não tinha conseguido por isso “estatificou”.
Pedia socorro com os olhos.
Nunca pensei que tivesse tanta força.
Eu paralisada a assistir, não sabia se corria para a janela ou se ia lá para baixo de modo a apanha-lo já na rua. Dei por mim e tinha conseguido chegar até á janela, estava a apanha-lo como se apanha uma peça de roupa lavada e estendida.
Ao deitar as mãos para o agarrar, tenta a todo o custo trepar-me mais quanto pode de unhas, os olhinhos dele brilharam quase que dizendo "up's! Desculpa, e obrigada por não me deixares cair". Já com ele ao colo sentia-lhe o coraçãozinho pequenino nas “100 rotações” por segundo.
Envolvi-o num abraço de conforto e sorri
“está tudo bem pequenino, está tudo bem...”

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Insólita de pés gelados.

Apetece-me escrever. Será por vício?



É uma vontade que permanece, desde a última vez que deixei aqui cair algumas palavras desprovidas de sentido.
Estás no teu mundo Sara, mencionas palavras que vertem aquilo que sentes, exprimem aquilo que vives ou que viveste, que te lembras, que te apetece dizer.
Esse mencionar de momentos é algo que te faz viajar no cume daquilo que és, que sonhas ser um dia.
Palavras soltas, que te ajudam a denunciar este teu/meu pensamento perturbado com incoerências de “estórias”de uma vida.
Estes teus dias têm sido um tanto ou quanto extenuantes, fizeram com que confrontasses informações outrora difíceis de decifrar, difíceis de desmistificar, de catalogar, repugnantes de se acreditar de se aceitar. Fizeram de ti boneca de pano e sentiste o que é estar perdida numa mistura do querer e do não querer, do sentir necessidade mas não ter vontade. Sentiste os pés gelarem á medida que foste decifrando letra por letra o que te foi dito.
Quiseste escrever para te libertares desse frio, mas imobilizaste essa tua vontade pelo simples facto de nem sequer saber por onde começar. Pensaste nisto e naquilo, tentaste escrever sobre nada e sobre as peripécias deste teu dia-á-dia, mas tantas eram as coisas que mais uma vez te deixaste ficar.
Coisas más e coisas boas, porque depois de tudo isto não podes deixar de referir as pessoas maravilhosas que descobriste após o teu vasculhar incessante por algo não merecido.
Ainda com os pés gelados, hoje, sentaste-te a luz cálida de uma janela para retomares esta tua/minha vontade de desanuviar escrevendo. E para concertares a corda que fez soar um misto de sentimentos com ou sem sabor nenhum.



A propósito, não te esqueças de desligar o aquecedor que utilizaste para começares a descongelar os pés.